13 fevereiro 2015

Café da manhã

Foto: Camila Cicolo

Seu silêncio me incomodava tanto que a vontade que eu tinha era jogar aquela tigela de cereal cheia de leite quente em sua face imóvel. Ou quem sabe atingi-lo com as mãos fechadas até que meus braços não suportassem mais. Eu queria reação, fluxo interminável no diálogo, gargalhada exagerada, emoção transparecendo na linguagem corporal. Seria muito pedir para ver sobrancelhas arqueadas que te falam tanto sobre aquele ser? Uma dose de espontaneidade, dois shots de exagero, uma batida de conversa e uma pitada de leveza com limão, por favor! Odeio olhar na direção de olhos mortos como aquele peixe que há muito parou de se debater após ser capturado no mar, nem tampouco gosto quando falo sem parar e ele só responde com meias palavras. Eu grito! Porque não aguento mais falar sozinha.
Quero que tu vás embora e leve contigo toda essa tua monotonia. Levanta dessa mesa e nem olha pra trás. Aproveita pra levar esse silêncio junto contigo, antes que eu te acerte com os dardos em forma de palavras que doerão mais que uma tigela de cereal e leite quente lançada na tua cara no café da manhã.

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